terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Receita de Ano Novo

(Carlos Drummond de Andrade) 
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções

para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
Texto extraído do "Jornal do Brasil", Dezembro/1997.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Caipiras no Palco




Teatro na São Paulo da Primeira República 

Dentre as personagens atuantes no acidentado palco da brasilidade, ao longo da Primeira República, Cássio Melo foca o caipira. As antinomias rural /urbano, regional/nacional, tradição/modernidade corporificam-se no personagem que oscila entre ingênuo e espertalhão. Na dramaturgia paulista e também na carioca o rural conviveu muitas vezes com o urbano apesar do esforço letrado para impor a imagem edulcorada de um Brasil urbano. A vida de Cláudio de Sousa, médico e dramaturgo traduz essa ambivalência. Crítico do gênero musicado considerava-o obstáculo ao projeto de um “teatro nacional”. Mas foi graças à popularidade de uma de suas peças incluindo o tipo caipira que conquistara uma cadeira na ABL, coisa que Monteiro Lobato, divulgador do “Jeca”, não conseguira. Guiando-se pela historicidade o trabalho aponta vários brasis e sertões; ser moderno implicou em um percurso acidentado entre o boulevard e a  roça.

(MÔNICA PIMENTA VELLOSO. Pesquisadora da Fundação Casa de Rui Barbosa/RJ)

Cássio Santos Melo

Graduado em História pela Unesp de Assis, onde também concluiu seu mestrado como bolsista da FAPESP. Atualmente trabalha como professor na Universidade Federal do Acre e faz doutorado em História Social pela USP, cuja pesquisa tem como tema “A Lunda na obra histórico-literária de Castro Soromenho (1930-1968).

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

URGENTE! Novo horário para o início do Seminário com a Prof. Dr.ª Olga Brites


Dinter USP - UFAC
Programa de Pós-Graduação em História História Social da FFLCH/USP
Caros doutorandos,

Devido atraso no vôo da professora, estou indicando o início das atividades desta manhã do dia 1º para as 09:00h.

Seminário de Pesquisa com a Prof.ª Dr.ª Olga Brites da PUC-SP


Nos dias 1 e 2 de dezembro, chegará a Rio Branco a Prof.ª Dr.ª Olga Brites, que ministrará mais um Seminário de Pesquisa no Dinter em História Social USP/UFAC. O evento ocorrerá no Bloco de Pós-Graduação da UFAC nos horários de 8:00 as 12:00 e das 14:00 as 18:00.

Olga Brites
A professora Olga Brites possui graduação em História pela Universidade de São Paulo (1976), mestrado em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1992) e doutorado em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1999). Atualmente é Professora Assistente-Doutor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Tem experiência na área de História, com ênfase em Cultura e Cidade. Atuando principalmente nos seguintes temas: Infância, Cidade, Sáude, Trabalho.
  (Texto extraído CVLattes)                                                                           

Formação acadêmica/Titulação
1995 - 1999Doutorado em História.
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, PUC/SP, Brasil.
Título: Imagens da Infância (São Paulo e Rio de Janeiro, 1930 a 1950), Ano de Obtenção: 1999.
Orientador: Déa Ribeiro Fenelon.
Palavras-chave: Infância; Cidade; Sáude; Trabalho.
Grande área: Ciências Humanas / Área: História / Subárea: História do Brasil / Especialidade: História Regional do Brasil.
Setores de atividade: Desenvolvimento Urbano; Educação Superior.
1990 - 1992Mestrado em História.
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, PUC/SP, Brasil.
Título: Infância, trabalho e educação - A Revista Sesinho - 1947-1960, Ano de Obtenção: 1992.
Orientador: Déa Ribeiro Fenelon.
Palavras-chave: Infância; Trabalho; Educação; Saúde.
Grande área: Ciências Humanas / Área: História / Subárea: História do Brasil / Especialidade: História Regional do Brasil.
Setores de atividade: Educação Superior; Produtos e Serviços Recreativos, Culturais, Artísticos e Desportivos.
1972 - 1976Graduação em História .
Universidade de São Paulo, USP, Brasil.  

Revista Nº 13 de 2010: Dossiê - Questões teóricas e metodológicas
REVISTA HISTÓRIA ORAL – PUBLICAÇÃO DAASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE HISTÓRIA ORAL (ABHO)

CHAMADA DE ARTIGOS: DOSSIÊ “História, Natureza, Cultura e Oralidade
ORGANIZADORES: MARCOS MONTYSUMA (UFSC) e EURÍPEDES FUNES (UFC)
DATA-LIMITE PARA ENVIO DE ARTIGOS: 15/03/2012 

O presente número da RBHO tem como dossiê “História,Natureza, Cultura e Oralidade”. Busca-se discutir as relações entre o homem e seu ambiente,na perspectiva da história ambiental, um novo campoque vem se firmando na produção historiográfica brasileira nos últimos tempos. Trata-se de refletir sobre a relação entre natureza e cultura, em suasmúltiplas possibilidades. Tomar a paisagem como fonte e entender que a paisagem construída expressacultura. Neste sentido, as temáticas e objetos de investigação são de possibilidades amplas, passando pelo processo de ocupação e exploração e transformação do meio ambiente e os impactos ambientais, os movimentos sociais e as lutas pelo direito aos bens da natureza em seus mais diferentes biomas. Debates sobre o desenvolvimento sustentável,o agronegócio, espaços de trabalho, ambiente  moradia, memórias, entre tantos outros. As fontes para os estudos no campo da história ambiental são as mais diversas. Aqui nos interessa os artigos que trazem como fontes fundamentais narrativas, depoimentos, de sujeitos que vivenciaram experiências onde natureza e cultura se entrecruzam.

 Observação: a Revista História Oral também aceita artigos com temáticas variadas, entrevistas, resenhas e colaborações para a seção multimídia.


ABHO - Associação Brasileira de História Oral
http://www.historiaoral.org.br/

domingo, 27 de novembro de 2011


Foto: g1.globo.com

CONVITE PELA DEMOCRATIZAÇÃO DA USP



Este é um convite para o senhor (a) assinar este manifesto. Que teve sua origem em dois fatos: a proposta de construção de um monumento "às vítimas da revolução de 64" como o chamou a reitoria em um primeiro momento, e à violenta repressão que se desencadeou no campus após a ocupação da reitoria.

Nós, que organizamos o Manifesto, entendemos que um monumento aos uspianos que tombaram na luta contra a Ditadura Militar é fundamental para preservar a memória deles. Mas entendemos também que não podemos aceitar um monumento construído por uma administração que prima no uso da ideologia e das práticas autoritárias deixadas por Gama e Silva através do estatuto que rege a USP ainda hoje, em especial o regimento disciplinar, redigido em 1972.

Em razão disso, estamos mobilizando ex-uspianos e não uspianos perseguidos pelo regime, familiares dos que foram assassinados e professores da USP e de outras universidades públicas que sejam solidários, para assinar este documento, onde se reivindica a democratização da USP, única universidade pública brasileira que ainda tem um processo eleitoral indireto, além de outras barbaridades estatutárias deixadas por Gama e Silva e utilizadas pelo reitor João Grandino Rodas, sem falar nas atualizações levadas a termo por grupos pouco representativos da comunidade uspiana.

Abaixo segue o Manifesto na íntegra, bem como quem já o assinou. Caso queira subscrevê-lo, por favor, encaminhe e-maill para DEMOCRACIAUSP@GMAIL.COM, passando nome e dados simples sobre sua relação com a USP e os fatos ocorridos então, e se seu nome deve entrar na primeira ou segunda coluna.

Entendemos que não podemos nos omitir diante desta grave situação que perdura sem perspectiva de mudanças, onde os conflitos na USP se reatualizam ano após ano, tendo em vista o espaço quase inexistente de participação efetiva da maioria dos que atuam na USP. Trabalhamos por uma estatuinte livre, soberana e democrática.

MANIFESTO PELA DEMOCRATIZAÇÃO DA USP

Nós, perseguidos pelo regime militar, parentes dos companheiros assassinados durante esses anos sombrios e defensores dos princípios por eles almejados assinamos este manifesto como forma de recusa ao monumento que está sendo construído em homenagem às chamadas “vítimas de 64” na Praça do Relógio, Cidade Universitária, São Paulo.

Um monumento na USP já deveria há muito estar erguido. É justo, necessário, e precisa ser feito. Porém, não aceitamos receber esta homenagem de uma reitoria que reatualiza o caráter autoritário e antidemocrático das estruturas de poder da USP, reiterando dispositivos e práticas forjadas durante a ditadura militar, tais como perseguições políticas, intimidações pessoais e recurso ao aparato militar como mediador de conflitos sociais. Ao fazer isso, esta reitoria despreza a memória dos que foram perseguidos e punidos pelo Estado brasileiro e pela Universidade de São Paulo por defenderem a democratização radical de ambos.

Esse desprezo pela memória dos que sofreram por defender a democracia, dentro e fora da Universidade, se manifesta claramente na placa que inaugurava a construção de tal monumento. A expressão “Vítimas da Revolução de 1964” contém duas graves deturpações: nomeia de “vitimas” os que não recearam enfrentar a violência armada, e, mais problemático ainda, de “revolução de 1964” o golpe militar ilegal e ilegítimo.

Essa deturpação da linguagem não é, portanto, fortuita. Resulta da ideologia autoritária predominante na alta cúpula da USP.

Durante a ditadura, essa ideologia autoritária levou a direção central da USP a perseguir, espionar, afastar e delatar muitos dos que então resistiam à barbárie disseminada na Universidade e na sociedade brasileira como um todo. Ainda macula a imagem desta Universidade a dura lembrança (i) dos inquéritos policiais-militares, instaurados com apoio ou conivência da reitoria; (ii) das comissões secretas de vigilância e perseguição; (iii) das delações oficiais de alunos, funcionários e professores para as forças de repressão federais e estaduais; (iv) da mobilização do aparato militar na invasão do CRUSP e da Faculdade de Filosofia em 1968; (v) da colaboração quase institucional da USP, na figura do seu então reitor, Luis Antonio Gama e Silva, na redação do Ato Institucional Número 5 – AI5; (vi) e da aprovação, por Decreto, do regimento disciplinar de 1972, que veda a docentes e discentes qualquer forma de participação política e confere à reitoria poder para perseguir os que o fazem.

Atualmente, essa mesma prática autoritária se manifesta não apenas na inadmissível preservação e utilização do regimento disciplinar de 1972 para apoiar perseguições políticas no interior da Universidade, mas também (i) na reiterada recusa da administração central da USP em reformar o seu estatuto antidemocrático, mais afeito ao arcabouço jurídico da ditadura militar do que à Constituição Federal de 1988; (ii) na forma pouco democrática das eleições dos dirigentes da USP, que assume sua forma mais absurda no processo de escolha do reitor por meio de um colégio eleitoral que representa menos de 1% da comunidade universitária; (iii) na ingerência do governo do Estado na eleição do reitor desta Universidade; (iv) e, mais grave ainda, na recorrente mobilização da força policial-militar para a resolução de conflitos políticos no interior desta universidade, tal como ocorreu, recentemente, na desocupação da reitoria da USP.

Nesse sentido, em memória dos que combateram as práticas da barbárie autoritária e suas manifestações, defendemos que a melhor forma de homenagear os muitos uspianos e demais brasileiros que tombaram nesta luta não é um monumento; mas, sim, a adoção dos princípios verdadeiramente democráticos em nossa Universidade, o que demanda o fim do convênio com a Polícia Militar, bem como o fim das perseguições políticas pela reitoria e pelo Governo de São Paulo a 98 estudantes e 5 dirigentes sindicais, através de processos administrativos e penais, e a imediata instauração de uma estatuinte livre, democrática e soberana, eleita e constituída exclusivamente para este fim.


Assinatura de familiares de mortos e desaparecidos, de perseguidos pela ditadura. Uspianos e não uspianos.
Assinatura de professores da USP e de outras universidades brasileiras


Takao Amano*

Luiz Dagobert de Aguirra Roncari**

Adriano Diogo*

Artur Scavone**

Wilson Barbosa**

Florestan Fernandes (Família assina em memória)

Carlos Neder*

Chico de Oliveira**

Leonel Itaussu Almeida Mello**

Carmem Silvia Vidigal**

José Damião de Lima Trindade***

Carlos Eugênio Paz***

Luís Carlos Prestes (Família assina em memória)

Carlos Eugênio Clemente***

Mário Maestri***

Emir Sader*

Fernando Ponte de Souza*

Anivaldo Padilha ***

Marly de Almeida Vianna ***

Carlos Alberto Lobão Cunha*

Lúcia Rodrigues*

Maura Gerbi Veiga*

Núcleo de Preservação da Memória Política

Luiz Costa Lima ***

John Kennedy Ferreira***

Rui Falcão *

Ivan Seixas ***

Enzo Luis Nico Jr. *

(*) Ex-uspiano

(**) Em atividade na USP

(***) Não uspiano


Marilena Chaui (USP/Filosofia)

Jorge Luiz Souto Maior (USP/Direito)

Heloísa Fernandes (USP/DS)

João Adolfo Hansen (USP/DLCV)

Daciberg Lima Goncalves (USP/IME)

Klara Kaiser Mori (USP/FAU)

Leda Paulani (USP/FEA)

Cilaine Alves Cunha (USP/DLCV)

Luiz Renato Martins (usp/eca)

Paulo Capel Narvai (USP/FSP)

Ricardo Musse (USP/DS)

Gilberto Bercovici (USP/Direito)

Deisy Ventura (USP/IRI)

Adma Muhana (USP/DLCV)

Mario Miguel González (USP/DLM)

Paulo Eduardo Arantes (USP/Filosofia)

Vladimir Safatle (USP/Filosofia)

Leon Kossovitch (USP/Filosofia)

Lincoln Secco (USP/DH)

Flavio Aguiar (USP/DLCV)

Otilia Beatriz Fiori Arantes (USP/FAU)

Celso Fernando Favaretto (USP/FEUSP)

Henrique Carneiro (USP/DH)

Laura Camargo Macruz Feuerwerker (USP/FSP)

Sandra Guardini T. Vasconcelos (USP/DLM)

Sergio Cardoso (USP/Filosofia)

Adrián Fanjul (USP/DLM)

Vera Silva Telles (USP/DS)

Pablo Ortellado (USP/EACH)

Vitor Henrique Paro (USP/FEUSP)

Luiz Armando Bagolin (IEB/USP)

Osvaldo Coggiola (USP/DH)

Marta Maria Chagas de Carvalho (USP/FEUSP)

Paulo Silveira Filho (USP/DS)

Francisco Alambert (USP/DH)

Paulo Martins (USP/DLCV)

Sean Purdy (USP/DH)

Marcus Orione (USP/Direito)

Áquilas Mendes (USP/FSP)

Iumna Maria Simon (USP/DTLLC)

Mário Henrique Simão D Agostino (USP/FAU)

Helder Garmes (USP/DLCV)

Ruy Braga (USP/DS)

Francis Henrik Aubert (USP/DLM)

Vera Pallamin (USP/ FAU)

Jefferson Agostini Mello (USP/EACH).

Jorge Machado (USP/EACH)

Maria Rita de Almeida Toledo (Unifesp/HISTÓRIA)

Marcos Del Roio (Unesp/FCC)

Caio Toledo (Unicamp)

Anita Leocádia Benário Prestes (UFRJ/História)

Roberto Leher (UFRJ)

Lincoln de Abreu Penna (UFRJ)

Arley R. Moreno (Unicamp/Filosofia)

Francisco Foot Hardman (Unicamp/IEL)

Márcio Bilharinho Naves (Unicamp/IFCH)

Maria Ribeiro do Valle (Unesp/FLC/Araraquara)

Amarildo Ferreira Junior (UFSCar)

Carlos Zacarias F. de Sena Jr. (UFBA/FFCH)

Milton Pinheiro (Uneb/ICP)

Patrícia Vieira Trópia (UFU)

Sérgio Braga (UFPR)

Margareth Rago (Unicamp)

João Francisco Tidei Lima (Unesp)

Ricardo Martins Valle (UESB)

Carlos Zeron (USP/História)

Paulo Henrique Martinez (Unesp/História)

Maurício Vieira Martins (UFF/Sociologia)

Jorge Antunes (UnB/Música)

Luiz Armando Bagolin (USP/IEB)

Diorge Alceno Konrad (UFSM/História)

Glaucia Vieira Ramos Konrad (UFSM)

José Menezes Gomes (UFMA)

Sérgio Prieb (UFSM/Economia)

José Jonas Duarte da Costa (UFPB)

Marília Flores Seixas de Oliveira (UESB)

Guilherme Amaral Luz (UFU)

Anita Handfas (UFRJ)




quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Dinter USP - UFAC
Programa de Pós-Graduação em História História Social da FFLCH/USP


Caros doutorandos,

Algumas informações para providências:

1 - Nossa próxima atividade acadêmica ocorrerá nos dias 01 e 02/12/2011 (Seminário com a professora Oga Brites), nos horários de 08:00 às 12::00 e 14:00 às 18:00;

2 - O prazo para entrega dos trabalhos do professor Carlos Zeron será até o dia 30/11/2011 (fiquem atentos pois esse é o prazo final);

3 - Alguns não entregaram o Relatório Semestral (1º semestre 2011) nem na COAPG, nem na Secretária do Dinter, isso pode gerar problemas na liberação para o estágio obrigatório;

4 - Não sei o motivo para não ter obtido resposta, mas pedi, com prazo definido, que me fossem enviados vossos projetos modificados para que eu os enviasse a professora Olga Brites, solicitando também que os que não tivessem mudanças me informassem quanto ao fato, no entanto, menos da metade me enviaram os projetos e os outros além de não os terem enviado, sequer acusaram o recebimento do e-mail, o que considero uma relação desrespeitosa para comigo e para com a professora que fica aguardando o envio dos mesmos. (solicito aos que enviaram que não considerem essa parte da mensagem).

Att.
José Sávio

5 - Nosso Dinter já foi autorizado pela Capes

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Révolutions

A revolução fotografada



Vestígios das barricadas da rua Royale, 1848


Duas barricadas obstruem uma rua estreita. Os combatentes estão invisíveis. Esperam um ataque iminente. A barreira mais próxima do fotógrafo, construída com paralelepípedos e as rodas de uma carruagem, parece atravessada por uma lança que poderia ser uma haste de bandeira (vermelha?). A rua está vazia. Quase se escuta o silêncio da espera.

Essa barricada não deixa de parecer com a da rua Saint-Maur, em junho de 1848, descrita por Victor Hugo, em Os miseráveis:

Esse muro foi edificado com paralelepípedos. Era reto, frio, perpendicular, nivelado a esquadro, retificado com barbante, alinhado a fio de chumbo. [...] A rua estava deserta a se perder de vista. Todas as janelas e as portas fechadas. [...] Não se via ninguém, não se ouvia nada; nem um grito, nem um ruído, nem um suspiro. Um sepulcro[1]


Barricadas antes do ataque, rua Saint-Maur, 25 de junho de 1848
(fonte: Barricades rue Saint-Maur. Avant l'attaque, 25 juin 1848. Après l’attaque, 26 juin 1848. THIBAUL. ©Photo RMN - H. Lewandowski)


A mesma barricada no dia seguinte: o cenário após a Batalha. A rua fervilha de gente: militares, tropas de choque, ambulantes. Passeiam entre as barricadas, esburacadas, mas ainda inteiras. Os insurgentes estão ausentes: mortos, fugidos, presos? O que é certo é que foram vencidos.

Estes dois daguerreótipos[2], tirados de uma janela em 25 e 26 de junho de 1848 por um certo Thibaut, sobre o qual não se sabe muita coisa, estão entre os primeiros registros fotográficos de uma revolução.


Barricadas após o ataque, rua Saint-Maur, 26 de junho de 1848
(Fonte : Barricades rue Saint-Maur. Avant l'attaque, 25 juin 1848. Après l’attaque, 26 juin 1848. THIBAULT© Photo RMN - H. Lewandowski)


Data da mesma época um terceiro registro, feito por Hippolyte Bayard: a barricada destruída da rua Royale. É uma imagem melancólica: do sonho utópico dos insurgentes, não resta senão a ruína, monte de pedras dispersas. A rua pode parecer deserta, mas a presença de algumas carroças e carrinhos de mãos parece indicar que alguém se prepara para repavimentá-la. A batalha terminou. A ordem reina em Paris.

É enorme o contraste entre essas primeiras imagens de barricadas revolucionárias, esplêndidas, mas imóveis, enigmáticas e distantes, e aquelas de Barcelona, em julho de 1936, quase um século depois. Os sacos de areia substituíram os paralelepípedos. O fotógrafo não está mais numa sacada, mas bem mais próximo, ou mesmo no meio dos insurgentes. E, sobretudo, veem-se os rostos dos combatentes, os sorrisos, as mãos desajeitadas que seguram o fuzil ou o punho erguido. Contudo, apesar das mudanças, a barricada está sempre lá, sinônimo de sublevação popular, de iniciativa revolucionária. Não é por acaso que o hino da CNT [Confederação Nacional do Trabalho], o grande sindicato anarquista, começa com o chamado: A las barricads! A las barricadas!

Nova mudança de cenário: estamos em maio de 2008. Os paralelepípedos são de novo arrancados do chão, e os rebeldes, quase todos jovens, em alegre solidariedade, erguem uma barricada. Mas dessa vez, ao contrário de Barcelona em 1936 ou Paris no século XIX, não há fuzis. Não se mata o inimigo, há escárnio, zombarias, às vezes alguém o arranha ao lançar uma pedra. Há muito barulho e fumaça, mas a queda da barricada não conduz mais à execução dos rebeldes, fuzilados pela força da ordem: o combate acaba com a dispersão dos jovens, que logo se reagrupam noutra parte.

Voltemos um instante às barricadas de junho de 1848, as primeiras da história fotográfica das revoluções. Elas constituem uma guinada histórica: o início “da guerra civil entre o capital e o trabalho”, escreverá Marx. E introduzem um novo significado à palavra revolução: não mais uma simples mudança na forma de Estado, mas uma tentativa de subversão da ordem burguesa[3]

Qual era a eficácia político-militar da barricada? Para Auguste Blanqui – de todos os revolucionários do século XIX este é, sem dúvida, aquele que mais refletiu sobre a questão -, a eficácia é indispensável para o triunfo da sublevação, desde que se saiba tirar as lições da derrota de junho de 1848. Como explica detalhadamente em suas Instructions pour une prise d’armes (1869) [Instruções para uma tomada pelas armas], é imperativo organizar um rede entre as barricadas assim como é preciso erguê-las de modo que sejam indestrutíveis, usando não menos que 9196 paralelepípedos por muralha[4]. Friedrich Engels, ao contrário, é mais cético. Em seu célebre texto de 1895, insiste logo de início na ideia de que a barricada tema mais moral que material: visa abalar o moral das tropas governamentais. De se ponto de vista, o aperfeiçoamento técnico dos fuzis e da artilharia, assim como as novas ruas modernas, retas e largas (Haussmann!), são elementos desfavoráveis às barricadas[5]

Momento mágico, luz inesquecível que escapa do desenrolar casual das sucessões ordinárias, a revolução é assunto de imagem, mais do que de conceito. Sobrevive e propaga-se pelo imagem e, desde o fim do século XIX, (também) pela imagem fotográfica.[6]

É claro que as fotografias não podem substituir a historiografia, mas elas captam o que nenhum outro texto escrito pode transmitir: certos rostos, certos gestos, certas situações, certos movimentos. A fotografia possibilita que se veja, de modo concreto, o que constitui o espírito único e singular de cada revolução. Alguns críticos negam o valor cognitivo das fotografias de acontecimento. Por exemplo, o grande teórico do cinema Siegfried Kracauer tinha convicção de a foto não permite conhecer o passado, mas somente “a configuração espacial de um instante”. Num ensaio de 1927, chega a denunciar as revistas ilustradas como “uma ferramenta de protesto contra o conhecimento”[7] Essa opinião é compartilhada, meio século depois, por Susan Sontag, em seu livro Sobre a fotografia: citando Brecht, segundo o qual uma foto das usinas Krupp não revela praticamente nada sobre essa instituição capitalista, ela afirma que somente a maneira narrativa pode permitir a compreensão. Para ela, a fotografia, "afinal de contas, nunca pode nos trazer nenhum conhecimento de ordem ética ou política”[8].

Esse ponto de vista me parece bastante discutível. É verdade que a fotografia não pode substituir a narrativa histórica, mas isso não a impede de ser um instrumento insubstituível de conhecimento histórico, que torna visíveis aspectos da realidade que frequentemente escapam aos historiadores. A foto das usinas Krupp não acrescenta nada, mas a do senhor Krupp cumprimentando Hitler, em companhia de outros industriais e banqueiros, é um documento fascinante sobre a cumplicidade entre capitalistas alemães e nazismo.

A contribuição específica da documentação fotográfica é posta em evidência, com muita perspicácia, pelo antropólogo e historiador Marc Auge:

As fotos de imprensa ou agências [...] colocam a História no presente, restituindo-lhe a espessura, a contingência, a imprevisibilidade. O indivíduo, o acontecimento, a anedota ocupam todo o seu espaço e isso não significa que a História não tenha sua importância: uma das tarefas do historiador, se deseja compreender uma época, é precisamente imaginar o presente dela, fazer o inventário de suas possibilidades, escapar da ilusão retrospectiva.[9]

Afirmar a importância da fotografia para o conhecimento dos eventos re-volucionários não implica que se trate de um documento puramente objetivo. Cada uma dessas imagens é ao mesmo tempo objetiva - como imagem do real - e profundamente subjetiva, pois traz, de um modo ou de outro, a marca de seu autor. Seria preciso toda a ingenuidade - tingida de positivismo - do fotógrafo, pintor e teórico húngaro Lásló Moholy-Nagy para acreditar, em 1925, na plena objetividade da fotografia: “O aparelho fotográfico é a mais segura ferramenta que nos permite começar a ter uma visão objetiva. Cada um será obrigado a ver o que é verdadeiro do ponto de vista ótico, o que se explica por si, o que é objetivo, antes de poder formular uma posição subjetiva”[10]. Esse método abstrai a carga subjetiva que resulta da personalidade, da cultura ou das opções políticas do fotógrafo. Como escreve Cordelia Dilg a propósito de suas fotos da Revolução Nicáraguense: "Nenhuma foto é produzida sem intenção. Eu escolho o objeto, decido o instante da tomada, determino a forma estética e completo as fotos com uma legenda (um texto)”[11]

A escolha da documentação nesse trabalho por vezes é arbitraria, como em toda seleção desse tipo. Mas, por sua diversidade e riqueza, apresenta uma imagem plural de cada revolução, naquilo que tem de universal e em sua especificidade histórica, cultural e nacional. Vemos aparecer a revolução não como uma abstração, uma ideia, um conceito, uma "estrutura", mas como uma ação de seres humanos vivos, homens e mulheres que se insurgem contra uma ordem que se tornou insuportável.

Encontramos nessa pilha de documentos verdadeiras obras de arte e simples instantâneos, trabalhos profissionais e outros de amadores. Não quisemos privilegiar a obra de alguns fotógrafos célebres: as cenas mais surpreendentes, mais belas ou mais "históricas" não são obra em geral de anônimos? Recorremos a múltiplos recursos: agências de notícias, sem dúvida, mas também museus, arquivos, coleções particulares - não só em Paris, mas também em Budapeste e México, Amsterdã e Berlim, passando por Praga e Munique. O conjunto, fruto de dois anos de pesquisas intensas, oferece uma viagem no tempo e no espaço revolucionário, um mergulho numa história que está longe de acabar[12].

As fotos são, ainda, mais polissêmicas que os textos: podem ser interpretadas de diferentes maneiras, bastando um título para modificar seu significado, ou mesmo transformá-la em seu contrário[13]. Os registros que encontramos estão frequentemente mal legendados: parte importante da pesquisa consiste em atribuir-lhes um título preciso. Walter Benjamin insistia, com razão, na importância das legendas e via nas das montagens de Heartfield um exemplo de utilização do texto como “pavio que aproxima as faíscas críticas da massa de imagens”[14].

No nascimento da fotografia, no século XIX, os setores mais conservadores das classes dominantes se horrorizaram com a nova descoberta. O Leipziger Stadtanzeiger, diário alemão de tendência chauvinista, denunciava essa arte diabólica vinda da França: “Querer fixar imagens fugidias de espelho não é somente uma impossibilidade, como solidamente provaram os trabalhos da ciência alemã, mas o projeto em si é blasfematório. O homem foi criado à imagem de Deus e essa imagem não pode ser fixada por nenhuma máquina humana”[15].

Do outro lado da barricada também havia desconfiança, mas por outras razões. Até os anos 1920, a prática da fotografia era extremamente limitada nos meios operários, socialistas ou revolucionários: estes últimos são objetos, mas não sujeitos dos instantâneos. A maioria das imagens da Comuna de Paris, das duas Revoluções Russas ou da Revolução Alemã de 1918-1919 foi feita por fotógrafos profissionais, que trabalhavam na maior parte das vezes para a imprensa burguesa. Daí a desconfiança que às vezes se observa no rosto dos combatentes fotografados - ainda mais que, em caso de derrota da insurreição, esse material documental podia facilmente servir às forças repressivas para identificar os revolucionários. Roland Barthes remete ao "poder mortífero" da fotografia e cita um exemplo de 1871: “Alguns partidários da Comuna pagaram com a vida pela complacência de posar em cima das barricadas: vencidos, foram reconhecidos pelos policiais de Thiers e quase todos fuzilados”[16]

Alguns desses fotógrafos profissionais simpatizavam com a causa revolucionária, mas seu trabalho estava submisso a restrições externas. Assim, por exemplo, existem dezenas de fotos da execução de dez reféns feitos pelos revolucionários em Munique, em 1919, e somente duas das 1,5 mil pessoas mortas pela repressão entre janeiro e março do mesmo ano em Berlim[17]

A medida que se avança no tempo, a fotografia torna-se não apenas um espelho - necessariamente deformador - dos eventos revolucionários, mas também um ator histórico, um instrumento de combate. Cada campo, nos enfrentamentos ou nas guerras civis, utiliza a fotografia como meio de propaganda, símbolo de união, sinal de reconhecimento. E, é claro, as fotografias das revoluções anteriores inspiram cada nova revolução[18]

Algumas fotos mostram os dirigentes, os líderes, os "cabeças" das revoluções. Esses personagens emblemáticos são quase sempre os vencidos: Auguste Blanqui, Emiliano Zapata, Rosa Luxemburgo, Leon Trotski, Ernesto Che Guevara, Carlos Fonseca. Walter Benjamin não estava errado quando insistiu na força messiânica das vítimas, dos vencidos da história, dos antepassados martirizados como fonte de inspiração para as gerações seguintes. Mas a maioria dessas imagens é povoada por multidões anônimas, por desconhecidos: o povo insurgente. São artesãos parisienses, marinheiros russos, trabalhadores alemães ou húngaros, milicianos espanhóis, camponeses chineses, indígenas mexicanos. Se, como sublinha Trotski em sua História da Revolução Russa (1932), “o traço mais incontestável da revolução é a intervenção direta das massas nos acontecimentos históricos”[19], esse traço devia ser necessariamente impresso no papel sensível dos fotógrafos. O que a objetiva capta em movimento, em ação, é a transformação dos excluídos, dos oprimidos, das “classes subalternas” em protagonistas de sua própria história, sujeitos de sua própria emancipação. Os fotógrafos registram, preto no branco, o momento histórico privilegiado em que a longa cadeia da dominação se interrompe. A sequência descontínua dessas interrupções revolucionárias constitui a tradição dos oprimidos, tradição que remonta a tempos muito anteriores à intervenção de Daguerre.

As fotos de revoluções - sobretudo se foram interrompidas ou vencidas - possuem assim uma poderosa carga utópica[20]. Revelam ao olhar atento do observador uma qualidade mágica, ou profética, que as torna sempre atuais, sempre subversivas. Elas nos falam ao mesmo tempo do passado e de um futuro possível




[1] Victor Hugo, Les misérables (Paris, Flammarion, 1979, v. 3), p. 200-1. [Ed. Bras. Os miseráveis, trad. Francisco Ozanam Pessoa de Barros, 3 ed., São Paulo, Cosac Naify, 2009] Hugo contribuirá muito para a construção das barricadas como mito revolucionário. Certamente ele se refere às barricadas de 1832, que ocupam a praça principal na narrativa de Os miseráveis, mas também fará referência às construções dos insurgentes de junho de 1848, como a da entrada do subúrbio de Saint-Antoine, descrito ora como um monstro, ora como um momento sagrado: “Era desmensurada e viva; e como das costas de uma besta elétrica, soltava fagulhas de raio. O espírito da revolução cobria com sua nuvem o pico onde troava essa voz do povo que se assemelha à voz de Deus; uma majestade estranha desprendia desse titânico monte de escombro” (ibidem, p. 199)
[2] Fotografia obtida por um processo inventado por Louis Daguerre, 1839, que consisitia em fixar a imagem numa película de prata. (N.T.)
[3] Karl Marx, Les luttes de classe em France, 1848-1850 (Paris, Éditions Sociales, 1948), p. 59 e 63 [Ed. Bras. : As lutas de classe na França (1848-1850), São Paulo, Globla, 1986.]
[4] Auguste Blanqui, Instructions pour une prise d’armes (paris, Éditions de la Tête des Feuilles, 1972), p. 51.
[5] Friedrich Engels, “Introuctions”(1895), em Karl Marx, Les luttes de classe em France, cit., p. 33-4.
[6] Ver Daniel Bensaïd, Les pari mélancolique (Paris, Fayard, 1997), p. 281-3
[7] Siegfried Kracauer, Die Photographie (1927), (Frankfurt, Suhkamp, 1990, Schrifren, vol. 5.2), p. 92-3. Ver os comentários críticos bastante pertinentes de Enzo Travesso sobre esse ensaio em seu livro Siegfried Kracauer: itinéraitre d’um intellectuel nômade (Paris, La Decouverte, 1994, p. 92-6
[8] Susan Sontag, Sur Ia photographie (Paris, Christian Bourgois, 1993), p. 38. [Ed. bras.: Sobre a fotografia, São Paulo, Companhia das Letras, 2004.]
[9] Marc Auge, Paris, années 30 (Roger-Viollet) (Paris, Hazan, 1996), p. 10. Ver também p. 11: “A força da fotografia instantânea se sustenta também no fato de propor ao nosso olhar cenas que não são mostradas pelos historiadores [...]: não somente as atitudes, as expressões fugidias em que se podem ler a alegria, o medo, a dúvida de um ator dessa história que se está construindo, mas também, e ainda mais, os gestos, os movimentos, a energia ou a perplexidade de todos aqueles por meio dos quais ela se constrói [...]".
[10] Lásló Moholy-Nagy, citado em Susan Sontag, Sur Ia photographie, cit., p. 235.
[11] Cordelia Dilg, Nicarágua, Bilder der Revolution (Colônia, Pahl-Rugenstein, 1987), p. 2. Ela acrescenta a seguinte explicação, nada insignificante: "Essas legendas podem mudar o significado da fotografia e são, portanto, uma parte da informação".
[12] Digo "nós", mas é maneira de dizer: esse trabalho foi realizado por nossa documentalista, Helena Staub.
[13]Um exemplo recente bastante conhecido é a foto de uma pilha de cadáveres de vítimas da ditadura de Somoza sendo incinerados que, graças ao Fígaro, se tornou uma imagem de índios miskitos assassinados pelos sandinistas...
[14] Walter Benjamin, Pariser Brief (2): Malerei und Photographie (1936) (Frankfurt, Suhrkamp Verlag, 1980, Gesammelte Schriften), p. 505. [Ed. port.: "Cartas a Paris (2): pintura e fotografia", em A modernidade, Lisboa, Assírio & Alvim, 2007.]
[15] Leipziger Stadtanzeiger, citado em Walter Benjamin, « Petite histoire de Ia photographie » (1931), em Poésie et révolution (Paris, Denoèl, 1971), p. 16. [Ed. bras.: “Pequena história da fotografia”, em Obras escolhidas: magia e técnica, arte e política, 10. ed., São Paulo, Brasiliense, 1996.]
[16] Roland Barthes, La chambre claire: note sur Ia photographie (Paris, Cahiers du cinema, Gallimard/Seuil, 1980), p. 25. [Ed. bras.: A câmara clara, 7. ed., São Paulo, Nova Fronteira, 2000.]
[17] Ver Dietehart Krebs, "Einlekung" e "Révolution und Fotografie", em Thomas Friedrich, Tatjana Schmolling et ai., Révolution und Fotografie, Berlin 1918/1919 (Berlim, Dirk Nishen, 1989), p. 9-24.
[18] Eis como Walter Benjamin descreve essa qualidade: “A mais exata técnica pode conferir a seus produtos um valor mágico que nenhuma imagem pintada poderia ter agora para nós. [...] Na maneira de ser singular desse minuto, há muito passado, aninha-se ainda hoje o futuro, e tão eloquente que, por um olhar retrospectivo, podemos reencontrá-lo”. Ver Walter Benjamin, « Petite histoire de Ia photographie », cit., p. 19.
[19] Leon Trotski, Histoire de la Révolution Russe (Paris, Seuil, 1950), p. 13. [Ed. bras.: História da Revolução Russa, São Paulo, Paz e Terra, 1980.]
[20] Uma fotografia poderia ser um fator decisivo numa revolução? É o que propõe, na forma de ficção, um filme norte-americano recente, inspirado na Revolução Nicaraguense, Sob fogo cruzado (1983), de Roger Spottiswoode. O principal dirigente da insurreição é morto num confronto com o exército (a exemplo de Carlos Fonseca, fundador da Frente Sandinista, em 1976). A ditadura triunfa e proclama que a rebelião foi subjugada. Os camaradas, que conseguiram salvar o corpo do líder, pedem a um fotógrafo amigo que os ajude numa manobra: ele o fotografa sentado, lendo um jornal, o que dá a ilusão de que está vivo. A foto, publicada em toda a imprensa, inflama os insurgentes e o povo, que derrubam a tirania. O cenário é imaginário, mas nem por isso menos crível.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Evidência e escala de observação (FLH-5226)


Figure des Brifilians.
Fête brésilienne donnée à Rouen en l'honneur du roi Henri II.
1550.

Docente Responsável: Carlos Alberto de Moura Ribeiro Zeron

Carga Horária: 3 semanas, 4 aulas por semana (120 horas)

Objetivos

1. Investigar a noção de evidência, em História e sua relação com as escalas de observação com as quais trabalha o historiador.

2. Estudar como a evidência se traduz em imagens, seja nas fontes visuais, seja nos discursos historiográficos.

3. Analisar a relação existente entre ideias e relações sociais.

Conteúdo

O curso é especificamente dirigido aos professores do Doutorado Interinstitucional (Dinter) USP-UFAC, visando fornecer instrumentos para a boa consecução de suas respectivas pesquisas e teses. Partindo da análise de seus projetos de pesquisa, algumas problemáticas comuns foram identificadas, as quais consubstanciam o conteúdo do presente programa.

I.1

O curso investigará como se constituiu a noção de evidência, em história. Para tanto, analisaremos como esta noção apareceu em textos clássicos (Heródoto, Tucídides, Políbio) e a maneira como foi retomada pela historiografia recente (partindo de Charles Seignobos e Charles-Victor Langlois, passando em seguida pelo olhar distanciado do antropólogo Claude Lévi-Strauss, e voltando aos historiadores Giovanni Levi, Carlo Ginzburg, Michel de Certeau, François Hartog, Carlos Alberto Vesentini).

I.2

Em seguida, analisaremos como a evidência foi qualificada e utilizada pelos historiadores, nas diferentes escalas de observação. Para tanto, analisaremos as propostas metodológicas de Marc Bloch, de Fernand Braudel, de Reinhart Koselleck, de Michael Löwy, de Edoardo Grendi, entre outros autores.

I.3

Finalmente, a partir destas reflexões, avaliaremos as propostas de Maurice Godelier concernentes ao papel das ideias na produção das relações sociais.

II

Numa segunda parte do curso, desenvolveremos um trabalho de leitura de fontes visuais, as quais servirão de suporte para problematizarmos as noções de evidência e de escala de observação: a) escalas de observação (Michelangelo Antonioni, Chung Kuo – Cina, 1972); b) a imagem singular (Anônimo, “Figure des Brésiliens”, 1550); c) as imagens em série (seleção iconográfica sobre a mestiçagem no Brasil, séculos XVI-XX); d) a imagem complexa (Ambroggio Lorenzetti, “Alegoria do bom governo”, 1337-1340).

III

A terceira e última parte do curso consistirá em exercícios práticos, quando retomaremos os projetos de pesquisa de cada participante do Dinter USP-UFAC, visando problematizar a maneira como operam com as referidas noções de evidência e escala de observação, e o trabalho específico que estão desenvolvendo com suas fontes primárias.

Forma de Avaliação

Um trabalho escrito, a ser entregue após o final do curso.

Bibliografia básica

Arendt, Hannah. Entre o passado e o futuro. São Paulo: Perspectiva, 2007.
Bloch, Marc. Introdução à História. Mem Martins: Publicações Europa-América, 1997.
Braudel, Fernand. “História e ciências sociais: a longa duração. Revista de História. São Paulo, 30 (62), abril-junho 1965, p. 261-294 (disponível on-line).
Braudel, Fernand. Civilização material, economia e capitalismo, séculos XV-XVIII, 3 vols., São
Paulo, Martins Fontes, 1996-1998.
Campos, Pedro Moacyr. “Esboço da historiografia brasileira nos séculos XIX e XX”. Revista de História. São Paulo, n.45, janeiro-março 1961, p. 107-159.
Cardoso, Ciro Flamarion da Silva. “História e paradigmas rivais”. In: Idem (org.). Domínios da História: ensaios de teoria e metodologia. Rio de Janeiro: campos, 1997, p. 1-23.
Certeau, Michel de, L'écriture de l'histoire, Paris, Gallimard, 1975 (trad. port.: Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2010).
Ginzburg, Carlo. Il giudice e lo storico: considerazioni in margine al processo Sofri. Torino: Einaudi ,1991.
Ginzburg, Carlo. Relações de força: história, retórica, prova. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
Godelier, Maurice. L’idéel et le matériel. Pensée, économies, sociétés. Paris: Payard, 1984.
Goldmann, Lucien. “O todo e as partes”. In: Dialética e cultura. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1967, p. 3-25.
Gurvitch, Georges. The spectrum of social time. Dordrecht: D. Reidel Publishing Co., 1964.
Hartog, François. Évidence de l’histoire.Paris: Gallimard, 2005.
Hartog, François. “Entre os antigos e os modernos, os selvagens. Ou, de Lévi-Strauss a Lévi-Strauss”. Revista Tempo Brasileiro. Rio de Janeiro, n° 110, julho-setembro 1992, pp. 43-54.
Koselleck, Reinhart. “Histoire des concepts et histoire sociale. In: Le futur passé. Contribution à la sémantique des temps historiques. Paris: ed. EHESS, 1990, p. 95-118 (trad. port.: Rio de Janeiro: Contraponto, 2010).
Langlois, Charles-Victor e Seignobos, Charles. Introdução aos estudos históricos. São Paulo: Renascença, 1946.
Lévi-Strauss, Claude. “Les trois humanismes”. In: Anthorpologie structurale II. Paris: Plon, 1974, p. 319-322 (trad. port.: São Paulo: Cosac Naify, 2008).
Löwy, Michael. “A revolução fotografada”. In: Idem (org.) Revoluções. São Paulo: Boitempo, 2009, p. 9-19.
Martius, Carlos Frederico Ph. de. “Como se deve escrever a história do Brasil”. In: Revista Trimensal de História e Geografia. Rio de Janeiro, v.6, n.24, 1845, p. 389-411.
Momigliano, Arnaldo D., Les fondations du savoir historique, Paris, Les Belles Lettres, 1992.
Momigliano, Arnaldo D., Sagesses barbares, Paris, Maspero, 1979.
Momigliano, Arnaldo D., Studies in historiography, London, Weidenfeld and Nicholson, 1966.
Oliveira, Mônica Ribeiro e Almeida, Carla Maria Carvalho de (orgs.). Exercícios de micro-história. Rio de Janeiro: editora FGV, 2009.
Tucídides. “Proêmio” e “Arqueologia”. In: História da guerra do Peloponeso. Brasília: ed. UnB, 1986, p. 19-29.
Vesentini, Carlos Alberto. A teia do fato. São Paulo: Hucitec, 1997.

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