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| Figure des Brifilians. Fête brésilienne donnée à Rouen en l'honneur du roi Henri II. 1550. | 
1. Investigar a noção de evidência, em História e sua relação com as escalas de observação com as quais trabalha o historiador.
2. Estudar como a evidência se traduz em imagens, seja nas fontes visuais, seja nos discursos historiográficos.
3. Analisar a relação existente entre ideias e relações sociais.
Conteúdo
O curso é especificamente dirigido aos professores do Doutorado Interinstitucional (Dinter) USP-UFAC, visando fornecer instrumentos para a boa consecução de suas respectivas pesquisas e teses. Partindo da análise de seus projetos de pesquisa, algumas problemáticas comuns foram identificadas, as quais consubstanciam o conteúdo do presente programa.
I.1
O curso investigará como se constituiu a noção de evidência, em história. Para tanto, analisaremos como esta noção apareceu em textos clássicos (Heródoto, Tucídides, Políbio) e a maneira como foi retomada pela historiografia recente (partindo de Charles Seignobos e Charles-Victor Langlois, passando em seguida pelo olhar distanciado do antropólogo Claude Lévi-Strauss, e voltando aos historiadores Giovanni Levi, Carlo Ginzburg, Michel de Certeau, François Hartog, Carlos Alberto Vesentini).
I.2
Em seguida, analisaremos como a evidência foi qualificada e utilizada pelos historiadores, nas diferentes escalas de observação. Para tanto, analisaremos as propostas metodológicas de Marc Bloch, de Fernand Braudel, de Reinhart Koselleck, de Michael Löwy, de Edoardo Grendi, entre outros autores.
I.3
Finalmente, a partir destas reflexões, avaliaremos as propostas de Maurice Godelier concernentes ao papel das ideias na produção das relações sociais.
II
Numa segunda parte do curso, desenvolveremos um trabalho de leitura de fontes visuais, as quais servirão de suporte para problematizarmos as noções de evidência e de escala de observação: a) escalas de observação (Michelangelo Antonioni, Chung Kuo – Cina, 1972); b) a imagem singular (Anônimo, “Figure des Brésiliens”, 1550); c) as imagens em série (seleção iconográfica sobre a mestiçagem no Brasil, séculos XVI-XX); d) a imagem complexa (Ambroggio Lorenzetti, “Alegoria do bom governo”, 1337-1340).
III
A terceira e última parte do curso consistirá em exercícios práticos, quando retomaremos os projetos de pesquisa de cada participante do Dinter USP-UFAC, visando problematizar a maneira como operam com as referidas noções de evidência e escala de observação, e o trabalho específico que estão desenvolvendo com suas fontes primárias.
Bibliografia básica
Arendt, Hannah. Entre o passado e o futuro. São Paulo: Perspectiva, 2007.
Bloch, Marc. Introdução à História. Mem Martins: Publicações Europa-América, 1997.
Braudel, Fernand. “História e ciências sociais: a longa duração. Revista de História. São Paulo, 30 (62), abril-junho 1965, p. 261-294 (disponível on-line).
Braudel, Fernand. “História e ciências sociais: a longa duração. Revista de História. São Paulo, 30 (62), abril-junho 1965, p. 261-294 (disponível on-line).
Braudel, Fernand. Civilização material, economia e capitalismo, séculos XV-XVIII, 3 vols., São
Paulo, Martins Fontes, 1996-1998.
Campos, Pedro Moacyr. “Esboço da historiografia brasileira nos séculos XIX e XX”. Revista de História. São Paulo, n.45, janeiro-março 1961, p. 107-159.
Cardoso, Ciro Flamarion da Silva. “História e paradigmas rivais”. In: Idem (org.). Domínios da História: ensaios de teoria e metodologia. Rio de Janeiro: campos, 1997, p. 1-23.
Certeau, Michel de, L'écriture de l'histoire, Paris, Gallimard, 1975 (trad. port.: Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2010).
Ginzburg, Carlo. Il giudice e lo storico: considerazioni in margine al processo Sofri. Torino: Einaudi ,1991.
Ginzburg, Carlo. Relações de força: história, retórica, prova. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
Godelier, Maurice. L’idéel et le matériel. Pensée, économies, sociétés. Paris: Payard, 1984.
Goldmann, Lucien. “O todo e as partes”. In: Dialética e cultura. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1967, p. 3-25.
Gurvitch, Georges. The spectrum of social time. Dordrecht: D. Reidel Publishing Co., 1964.
Hartog, François. Évidence de l’histoire.Paris: Gallimard, 2005.
Hartog, François. “Entre os antigos e os modernos, os selvagens. Ou, de Lévi-Strauss a Lévi-Strauss”. Revista Tempo Brasileiro. Rio de Janeiro, n° 110, julho-setembro 1992, pp. 43-54.
Koselleck, Reinhart. “Histoire des concepts et histoire sociale”. In: Le futur passé. Contribution à la sémantique des temps historiques. Paris: ed. EHESS, 1990, p. 95-118 (trad. port.: Rio de Janeiro: Contraponto, 2010).
Langlois, Charles-Victor e Seignobos, Charles. Introdução aos estudos históricos. São Paulo: Renascença, 1946.
Lévi-Strauss, Claude. “Les trois humanismes”. In: Anthorpologie structurale II. Paris: Plon, 1974, p. 319-322 (trad. port.: São Paulo: Cosac Naify, 2008).
Löwy, Michael. “A revolução fotografada”. In: Idem (org.) Revoluções. São Paulo: Boitempo, 2009, p. 9-19.
Martius, Carlos Frederico Ph. de. “Como se deve escrever a história do Brasil”. In: Revista Trimensal de História e Geografia. Rio de Janeiro, v.6, n.24, 1845, p. 389-411.
Momigliano, Arnaldo D., Les fondations du savoir historique, Paris, Les Belles Lettres, 1992.
Momigliano, Arnaldo D., Sagesses barbares, Paris, Maspero, 1979.
Momigliano, Arnaldo D., Studies in historiography, London, Weidenfeld and Nicholson, 1966.
Oliveira, Mônica Ribeiro e Almeida, Carla Maria Carvalho de (orgs.). Exercícios de micro-história. Rio de Janeiro: editora FGV, 2009.
Tucídides. “Proêmio” e “Arqueologia”. In: História da guerra do Peloponeso. Brasília: ed. UnB, 1986, p. 19-29.
Vesentini, Carlos Alberto. A teia do fato. São Paulo: Hucitec, 1997.
 
 
 
 
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